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TEOLOGIA E FENÔMENO HUMANO

"Considera e dialoga com as diferentes perspectivas antropológicas. Reflete sobre as abordagens do fenômeno humano a partir de sua história, transitoriedade e transcendência."

(Disponível em: https://www.puc-campinas.edu.br/graduacao/biblioteconomia)

Studying in a Library

TEOLOGIA E FENÔMENO HUMANO

MODERNIDADE E PÓS MODERNIDADE

A Modernidade e a descoberta do sujeito

A idéia do progresso que faz com que o novo seja considerado o melhor ou mais avançado do que o antigo e (influência da mídia).

Obsolescência planejada criada para ir para o lixo obsolescência perceptiva indus a jogar fora coisas perfeitamente úteis.

Valorização do indivíduo, ou da subjetividade como lugar da certeza da verdade de origem dos valores, em oposição a tradição isto é, ao saber adquirido, as instituições, autoridade externa.

Tempo moderno

o homem se torna o centro do conhecimento em que tudo está estritamente ligado à razão.

À modernidade é a época em que a alma se retira do mundo das coisas e recolhe ser do mundo dos homens, bem como o à época em que os homens se acreditam suficiente mente forte se poderosos, qual o novo prometeu, se não para elevarem-se contra a dignidade e se imporem aos deuses, ao mesmos para prescindirem de suas proteções e dispensarem seus serviços.

O mundo se torna desordenado, fragmentado e sem referência ou centro.

O que irá centralizar o mundo?

Será a razão que irá restituir a unidade perdida, pois ela está para além das culturas e é universal.

Não é mais a vontade da divindade que define o garante o sentido de agir no homem, é o próprio indivíduo que é responsável pelo progresso ou decadência da sua vida.

Aufklärung(Kant)

Esclarecimento- iluminismo

Saída do homem para a sua maioridade.

Conhecimento livre e correto que o ser humano alcançará o progresso, à tranquilidade e a Felicidade.

Homem passa a interessar-se não tanto por aquilo que já é, mas por aquilo que ainda poderá ser.

A descoberta do sujeito em René Descartes.

Abandonando uma visão cosmológica do homem centralizado na autoridade e na religião, ele proponha um olhar centrado na certeza do conhecimento a partir do próprio indivíduo.Esse fundamento antropológico deu origem ao chamado racionalismo.

A pós modernidade e o sujeito 
  No período de pós -modernidade temos a figura do filósofo Lipovetsky, e para explicar esse conceito ele usa o termo "Hiper -Modernidade "  onde temos a formalização da cultura de fartura, no qual o sujeito diante de um  ritmo de rapidez procura pela sua própria vontade e prazer .
  Em frente à esse tempo de aceleramento na qual a sociedade nós traz, chegamos a chamada a era do vazio com indivíduos problemáticos e angustiados, em resultado das tragédias históricas e o consumo em alta escala.


Toda essa cultura de meio de massa faz com que haja  o surgimento de um sujeito que por estar em  busca de algum  conforto, tenha uma apreciação pelo EU na qual a população se vê vulnerável se fechando para os outros , chegando em um ponto onde os princípios comunitários não faz mais  parte dos seus interesses, e juntando todos  esses fatores se faz o indivíduo mais importante da Pós- Modernidade o indivíduo “narcisista” .
Esse sujeito narcisista pensa somente em sua satisfação e diferente do Modernismo ele irá agir pelo presente e não mais pelo passado, ele se tornará o conhecido homem cool ( vontade enfraquecida) que depende somente de suas resoluções.
  


VULNERABILIDADE EFINITUDE: A ÉTICA DO CUIDADO DO OUTRO

Von Zuben

  1. Corporeidade: facticidade e transcendência 

Começando pela corporeidade que pode ser entendido na ideia do conceito de existir como exemplo o pensamento ( ser-no-mundo) cuja as expressões afetividade e transcendência ajudam na melhor assimilação, a  afetividade é vista como aquele em que possa se sentir se ferido, já essa transcendência é entendida como uma dimensão que nos manifesta como ser (internacional) isto é o "ser-no-mundo" do homem é o berço do sentido. A noção de sentido é típica da existência humana. 

O homem é revelador de sentido, na medida em que se refere ao "outro". O sentido é, ao mesmo tempo, o órgão corporal que nos permite o contato com o outro, a significação do dado oferecido aos "sentidos" a direção das coisas em relação ao meu corpo. A comunicação, segundo Merleau-Ponty, não se faz por meio de representações ou pensamentos, mas como um sujeito falante possuidor de um estilo próprio como o mundo a que ele visa. É o meu corpo como abertura que me possibilita a comunicação com o outro, por meio de minha conduta e pela minha intencionalidade, as quais objetivam captar a reciprocidade dos gestos e intenções do outro. 

     

2. Vulnerabilidade na condição humana  

Na Declaração Universal sobre Bioética e Direitos Humanos, da UNESCO, foi fundamentada algumas das políticas de ética o respeito à vulnerabilidade humana. O  vulnerável é aquele ente passível de ferimento, e nessa política é necessário o respeito e proteção humana mais especificamente no campo das ciências biomédicas. No plano de ética é exigido o cuidado para com o outro e é justamente a situação de vulnerabilidade quando essa ética é ignorada, esse  expressão é vista como uma  condição da pessoa  humana . O filósofo Peter Kemp distingue três tipos de vulnerabilidade.   

-  A vulnerabilidade  biológica e corporal, que se refere à fragilidade da vida orgânica do  homem, pressupondo a necessidade de precaução a ser tomada  nas situações de intervenções físicas no campo médico. 

-   A vulnerabilidade social se refere à fragilidade da capacidade  humana em constituir o humano em si mesmo como sujeito autônomo e consciente das exigências éticas das quais ele toma parte como ser-com-o-outro. Aqui, a vulnerabilidade define a necessidade de cuidado e de proteção. 

O vulnerável pode ser entendido diante de notificações de  abusos contra o respeito da    pessoa humana, trata-se de determinar as condições nas quais a realidade do outro, mantido na sua diferença, possa ser interpretada e respeitada, sem deixar de ser descaracterizada e reduzida em sua identidade, sobretudo quando o sujeito está sofrendo.  


3. A ética do cuidar: significado do termo 


A ideia presente no termo inglês care constitui, desde a década de 1980, um dos enfoques alternativos da ética contemporânea denominada care ethics, Em nosso idioma, foi escolhida a  palavra cuidado, ja solicitude corresponderia ao conjunto de cuidados que se pode propiciar para com algo ou uma pessoa,  as preocupações e inquietações sentidas em relação a alguma coisa ou pessoa. 

 Concebido como cuidado e como solicitude, o care compreenderia a atenção preocupada dirigida ao outro, que supõe uma disposição, uma atitude e, ao mesmo tempo, práticas de cuidar fazendo disso uma atividade de serviço  como  exemplo na área ética da arte de enfermagem. 
 
Cuidar compreende mais que uma prática social compassiva, ou um trabalho institucionalizado no âmbito dos cuidados da saúde. A ética do cuidar não tem a pretensão de se apresentar como uma teoria ética normativa, em outros termos  tem-se uma dimensão de universalidade do cuidado, caracterizando um determinado tipo de relação com o outro e com um ente natural sob a condição de reconhecer sua pertença a um mundo vulnerável. A vulnerabilidade é concebida como incompletude antropológica pela qual, no decurso de nossas vidas passamos  por fases de dependência e de independência. Talvez a ideia mais significativa de cuidar possa ser identificada pela expressão densa, na sua simplicidade, de Levinas em sua obra Humanismo de outro homem, quando trata da não-indiferença que é a própria proximidade do próximo, Há no cuidar ou  cuidado, a cultura do vínculo, da relação, contraposta à em refutação da solução tecnológica por meio dos múltiplos objetos técnicos, como intermediários privilegiados. 


4. Perspectiva do cuidado e perspectiva da justiça 

Qual o enfoque do cuidar ou do cuidado, para ir a frente desse assunto  foi analisado a obra da psicóloga americana Carol Gilligan, onde  de sua pesquisa era o estudo do raciocínio moral das mulheres. 

Como base ela utiliza o trabalho do Kohlberg que estabelece o paradigma da maturidade moral, carol percebeu que o argumento do kohlnerg  chegou a conclusão que o raciocínio moral das mulheres era deficiente quando comparado aos dos homens,  ela buscava compreender por que razão,  as mulheres não alcançavam níveis medianos de maturidade. Gilligan constatou que eles haviam estudado somente homens, o que levava ao favorecimento da  reflexão masculina. Então ela  foi interrogar as mulheres e  em suas críticas à tese de, o “preconceito observacional”.  Onde o masculino foi tomado como normal e o comportamento feminino como uma espécie de desvio dessa norma, De fato, o modelo proposto por kohlnerg  se baseava em estudos que tomavam os homens como referência e modelo então Gilligan  pode concluir  que homens e mulheres utilizam tipos diferentes de estratégias, no raciocínio moral, e enfatizam te- mas diferentes, ao formular e buscar soluções para problemas morais, mulheres de “perspectiva do cuidado” e a perspectiva nos homens de “perspectiva da justiça”. Para ela, os homens mostravam maior interesse nas regras e nas leis que permitiam o estabelecimento de distância afetiva nas relações com os outros, enquanto as mulheres estavam mais dispostas à atitude de cuidado do outro. 

De acordo com Carol Gilligan e outros autores que analisam a ética do cuidado do outro abre um relevante horizonte hermenêutico, da corporeidade e da vulnerabilidade, Na perspectiva da ética do cuidar, cabe ao indivíduo decidir o que lhe é importante ou dispensável, ponderando, eventualmente, que os princípios, pelo seu grau de abstração e de generalidade, O princípio de justiça recomenda certa neutralidade e mesmo uma distância a serem tomadas com respeito ao outro – como paciente – fazendo valer-lhe um tratamento igual e equitativo, trata-se de tornar compatíveis a sensibilidade pela diferença do outro. 


5. Distinção entre o próximo e o socius 

Paul Ricoeur, numa bela reflexão filosófico-teológica, estabelece a distinção entre o próximo e o que ele chama de socius . Essa admiração, o  surge da constatação da inexistência de uma ciência do próximo, na sua expressão,  o próximo não se submete ao constrangimento de uma categoria social. 


Ricoeur inicia relembrando, no plano da surpresa, a narrativa do( bom samaritano) feita por Jesus de Nazaré. Nesse texto de Ricoeur, o tema do próximo é pensado de modo radicalmente filosófico. O próximo é aquele das relações curtas, imediatas. O mundo do socius é aquele das relações longas, mediatizadas por circuitos coletivos complexos e anônimos, pelo papel e a função social. 

O próximo é a própria de se tornar presente na narrativa de Lucas, está presente a fragilidade humana constituindo um alicerce da vulnerabilidade que impõe o evento de ajuda mútua eficaz (o“cuidar”), mais adiante Ricoeur denuncia como impertinente uma análise que leve a uma alternativa do socius e do próximo. "É de importância, afirma ele, que a meditação, ao retomar em profundidade todo o jogo das oposições e das conexões, se esforce por compreender globalmente o socius e o próximo, como duas dimensões da mesma história, duas faces da mesma caridade. À luz das reflexões de Ricoeur e da ênfase que ele coloca nessa dialética construída no decorrer da meditação sobre o socius e o próximo, é plausível, do ponto de vista filosófico, entender o cuidar ou o cuidado não como uma das perspectivas éticas – cuidado e justiça, gestadas pela obra de Gilligan – mas como a própria dialética do socius e do próximo, vale dizer, entre o formalismo de uma atividade profissional, uma prática social institucionalizada à luz dos formalismos das leis e normas, de um lado, e, do outro, o engajamento afetivo, compassivo de sujeitos que se reconhecem aparentados em um destino compartilhado. 


Conclusão 

A vulnerabilidade mobiliza a vigilância ética pelo cuidar do outro. Ao postular a distinção entre uma ética do cuidar e uma ética da justiça, Carol Gilligan estava indicando uma distinção de orientações e não de teorias. Em suma, a ética do cuidar, ou do cuidado do outro, apresenta uma visão do ser humano na qual a identidade pessoal se constrói no encontro entre sujeitos, no vínculo da simpatia e da compaixão. Permanece, entretanto, a pertinência de uma análise crítica mais ampla sobre a ética do cuidar, à luz dos avanços  na área de  biotecnologias. 
 
Beauchamp e Childress observam e criticam a ética do cuidar, por enfatizar demasiadamente o contextual e por parecer hostil aos princípios. Reconhecem, em contrapartida, que  uma moral centrada no cuidado e na preocupação pode  potencialmente servir à ética da saúde de um modo construtivo e equilibrado, pois está próxima dos processos de pensar e sentir exibidos em contextos clínicos. Para finalizar algumas considerações sobre as implicações da perspectiva da ética do cuidar para a bioética. Por seu lado, a ética do cuidar enfatiza a necessidade do compromisso compassivo, afetivo, responsável, daquele que cuida. 
 
a perspectiva da ética do cuidar é de especial relevância, na educação bioética, pelo fato de enfatizar aos profissionais da saúde a habilidade em comunicar-se com os pacientes e a se mostrar  receptivos às necessidades de cada um. 

Dentro de limites reconhecidos, as propostas da ética do cuidar apresentam-se como uma alternativa plausível de reflexão sobre as possíveis orientações que podem balizar a ação humana na sua dimensão ética, na medida em que conseguirem articular a atenção solícita ao outro e a prática profissional. Esse é seu mérito ao alimentar o debate, em base dialógica, quer dizer, racional, democrática e antidogmática como propõe a bioética. Como considera Malherbe, em ambos os casos, ele poderá enfraquecer sua razão de ser como filósofo, seja cedendo ao domínio do jurídico, seja corroborando convicções arbitrárias próprias do relativismo. E, de acordo com a tese central da obra de Malherbe ele será intimidado pela interdição de pensar. 

O CONCEITO DE RAZÃO NOS ESCRITOS DE MAX HORKHEIMER

Petry F. B.

1. O conceito de razão em O fim da razão 

Este trabalho consiste em analisar o conceito da razão através de dois escritos de Max Horkheimer,Trata se das obras O fim da razão e  eclipse da razão Onde o trabalho busca desenvolver a crítica à racionalidade instrumental. 

As obras citadas anteriormente também trazem a ideia de uma razão instrumental, mais precisamente à crítica que ele faz a tal conceito. Ao aprofundarmos mais na obra “O fim da razão”, Horkheimer Irá identificar na história das civilizações a razão como algo predominante e orientador das ações, além de tal princípio  se manifestar nas correntes filosóficas Como algo fundamental, da qual outras ideias puderam ser derivadas, tais como: liberdade, justiça ou  verdade. Para Horkheimer,”A era da razão eu título de honra reclamado pelo mundo esclarecido”, ele notará na história da filosofia é um movimento de esvaziamento da razão, com tendências filosóficas como se o  ceticismo tivesse  contribuído para tirar do conseito da razão seu  conteúdo é assim transformá-la em uma espécie de alienação ligada ao uso linguísticos cotidianos. Entretanto, tal ocorrido não fez a razão desaparecer, mas a reduziu de forma radical a uma função instrumental, Está aparecendo assim como a coordenação entre meios é fins ligada a ideia de eficiência . 

Para Horkheimer. A utilidade  é uma categoria social e a razão segue em todas as fases da sociedade de classes , por meio da razão o indivíduo se afirma nessa sociedade ou se adapta a ela, de forma a seguir seu caminho. Ela induz o indivíduo a subordinar se a sociedade sempre em que ele não seja forte o suficiente para transformá-la em seu próprio interesse. Segundo Horkheimer, A sociedade tinha uma idéia de totalidade, na qual o bem do indivíduo deveria estar em harmonia com o bem da sociedade. A razão levará o indivíduo ou ajustamento às leis sociais como uma condição para formalização das civilizações, Podendo segundo o autor ser levada a últimas consequências como o sacrifício do indivíduo. Em o fim da razão, Horkheimer Analisará o sacrifício nos termos de uma relação com a propriedade privada: Submeter-se ao estado é racional quando é ele que garantirá o patrimônio do indivíduo Mesmo depois de sua morte, reconhecendo as leis que preservam a propriedade, o indivíduo a girar a favor de si mesmo, Mesmo que seja entregar sua vida ao estado tornando-se ao racional. 

É importante analisar que quando a autora comenta sobre a função social que eu sou difícil possui na Constituição em organização da sociedade ele irá utilizar pela primeira vez nesse quinto termo racionalidade referindo-se a uma racionalidade  da auto Renúncia, Depois ele falar de uma racionalidade da autopreservação, está expressão   não aparecera na versão em alemão. Já nos termos da 

 razão é irracionalidade não estão muito bem definidos nos textos de Horkheimer, Além do mais o que antes tinha o sentido de auto preservação irá reduzir se o seu significado e verá algo como uma função de satisfação de necessidade é natural, Isto Irá ocasionar a falta de uma referência racional, isso a lógica será fundada na racionalidade instrumental. 

2. O conceito de razão em Eclipse da razão.  

Em Eclipse da razão, Horkheimer Irá citar dois sentidos para o termo  razão- a razão subjetiva porque tem uma forma racional que  coordenando os meios em relação aos fins, No qual aos interesses de  auto preservação do indivíduo ou da comunidade na qual ele está  inserido. Já a razão objetivo define os fiz das ações e está ligada  a uma totalidade definindo os fins aos quais Os indivíduos devem atingir, Enquanto que a razão objetiva está ligada a  preocupa com a formulação de conceitos de ética e política, a subjetiva Está ligado piada à adequação entre meios é fins, Horkheimer não irá criticar a estas duas razões mas sim a uma racionalidade instrumental vinda do caráter autônomo subjetivo da razão. 

E A VIDA CONTINUA 1993

O SUJEITO PÓS-MODERNO DIANTE DA COMPLEXIDADE

No filme “E a vida continua”, há uma cena em que os pesquisadores da nova doença (AIDS) irão se pronunciar para a imprensa e o Dr. Don Francis, diante da imprensa e de homens homossexuais (que acreditavam serem vítimas principais da doença), alerta e diz a real situação comprovado com os avanços das pesquisas. Ele afirmar que a doença é transmitida sexualmente, diz que as chances de óbito são de 100% ao contrair e que a maioria dos pacientes que apresentaram a doença havia contraído em espaços que chamavam “saunas” (ambiente social entre homossexuais). Com isso, é gerado uma revolta entre o público, pois com ignorância, ao ouvir de um Dr., o que estava sendo comprovado de acordo com as pesquisas cientificas feitas para desvendar a doença, acreditaram ser um discurso preconceituoso com a tentativa de reprimi-los e comparam com o sofrimento do preconceito vividos por cada um. Podemos relacionar essa cena com a descoberta do sujeito na pós-modernidade. A modernidade é a época em que o homem é o centro do conhecimento e tudo está ligado à sua razão, onde abrem mão das coisas e de crenças, para entregar a si mesmo. Já a pós-modernidade é o momento em que o narcisismo do homem é sobressalente. O homem já não se importa com as crenças e as imposições, ele já não se importa com as coisas e com o conhecimento sobre elas, ele agora é o centro além da razão com suas próprias vontades e prazeres. O exemplo de sujeito pós-moderno na cena citada, são os homossexuais, que se negaram a acreditar em um Dr., que estava pesquisando uma doença que estava matando vários dos seus. Uma doença séria, com muitas complicações, desconhecida na época, que estava matando várias pessoas, uma situação epidêmica e mesmo assim o ser humano foi capaz de defender suas necessidades e vontades pelo prazer. Esse individualismo estruturado na pós-modernidade, também podemos chamar de “era do vazio”, um mundo de narcisismo coletivo, vamos bater sempre com a ignorância, injustiça e desigualdade, onde cada um é o próprio centro. “A cultura narcisista é a celebração da aparência física, o triunfo do espelho e o culto da própria imagem” (PEREIRA 2006, p. 03). O sujeito pós-moderno, diante da complexidade pode agir com intolerância, egoísmo e individualismo.

O RELACIONAMENTO NA PÓS-MODERNIDADE

Luiz Felipe Pondé, em sua palestra “Zygmunt Bauman e a Pós-Modernidade”, acrescenta a respeito das relações interpessoais. Pondé afirma que na pós-modernidade as relações são "líquidas", algo não sólido, inconstante, sem firmeza. As pessoas passaram a ter uma ideia mais individual e a se questionar se sua relação preenche os requisitos de felicidade a qual se tem direito. E se com essa reflexão, a pessoa obtiver pontos negativos, ela simplesmente troca de parceiro. As pessoas estão sempre em busca de algo melhor, somos como mercadorias, uma estante de pretendentes a se experiência. A qualidade da relação se tornou um ponto crucial para você decidir permanecer ou não se relacionando com aquela pessoa e essa decisão é totalmente egoísta, pois a questão é se aquilo é o que você merece e os pretendentes do mercado instiga constantemente essa dúvida. Hoje, as relações são extremamente rápidas e inconstantes. As pessoas esquecem que a única coisa no mundo que não é aperfeiçoado são os humanos. Com o passar do tempo damos "defeitos", diz Pondé. É nesse descaso e na desvalorização da vida que encontramos obstáculos em criar laços verdadeiros e sólidos. Há uma cena no filme "E a vida continua" que exemplifica exatamente este conceito. O personagem ativista gay Bill Kraus tem um relacionamento homoafetivo aparentemente monogâmico com “Quico”. Na cena, Quico está colocando suas coisas da casa que moram juntos em malas, ele está rompendo o relacionamento e a única justificativa é que conheceu alguém e ainda acrescenta que o sujeito é arquiteto com entusiasmo e o deixa sem hesitar. Conforme o decorrer do filme, Quico volta arrependido e quer reatar o relacionamento com Bill Kraus que o aceita de volta. Alguns meses depois, em uma das últimas cenas do filme, Bill Kraus apresenta a doença (AIDS, tema central do filme) que está matando vários e que é transmitida sexualmente. Ele está desfalecendo e beira da morte, provavelmente adquiriu a doença com a inconsequência de Quico ao se relacionar com outras pessoas em uma epidemia de algo que é sexualmente transmissível e Quico sabe que sua morte é certa. Esse relacionamento é o exemplo explicito de um relacionamento na pós-modernidade.

AS INFLUENCIAS DO ILUMINISMO

Existem duas grandes relações com o texto “A Globalização e o Iluminismo Mitológico” de Joelton Nascimento com o filme “E a vida continua”. A primeira relação é com a emancipação científica. Joelton, diz em seu texto como o autoritarismo ganhou tanta força na época do iluminismo. O iluminismo, uma época marcada por guerras, seja pelo nazismo ou stalinismo, a tecnologia era essencial. O iluminismo prega a razão e a ciência à cima de tudo, ele se liberta das crenças e imposições e começa a agir com base da consciência, porém esse avanço cientifico é capaz de atingir a sociedade humana. No filme, o Dr. Robert Gallo quem está a frente nos avanços das pesquisas cientificas da nova doença, é totalmente negligente. As pesquisas são totalmente empíricas deixam o sofrimento e as mortes de lado e até mesmo a empatia com os demais que estão sendo atacados pela epidemia, ao ponto de agir contra as pesquisas realizadas em países da Europa, como a França que é citado no filme. O Dr. Robert Gallo ainda acaba disputando com os franceses a patente da descoberta da AIDS. A segunda relação é com o ativismo gay, forte na época do pós-modernismo e isso se fez necessário. No filme, há várias cenas de ativistas gays lutando contra o preconceito gritante. Com o surgimento da AIDS e por terem sido os primeiros a sofrerem com a doença, houve fortes ataques a comunidade gay. Claro, que este preconceito já era existente e enraizado na sociedade, pois esteve muito presente também na época do iluminismo, onde líderes de governos totalitaristas pregavam a eliminação de uma minoria incluindo os homossexuais. Não se pode negar que foi com a valorização da tecnologia na época do iluminismo, quando o homem é pela razão que foi possível chegar ao pós-modernismo com uma tecnologia capaz de pesquisar e entender novos vírus que estavam desafiando a sobrevivência. O iluminismo trouxe grandes influencias significativas que estão presentes até hoje na sociedade.

A ÉTICA DO CUIDAR NA PRATICA DIANTE DA VULNERABILIDADE HUMANA

Newton Aquiles von Zuben em “Vulnerabilidade: A ética do cuidado do outro” enfatiza a pluralidade social. Onde no mesmo espaço geopolítico, encontramos uma diversidade de comunidades morais, ideológicas e religiosas. E ainda acrescenta que no campo dos cuidados da saúde há uma grande contradição entre essas comunidades sociais que acaba por sua vez surgindo dilemas éticos e morais. Von Zuben avança em sua reflexão sobre o ser individual, que somos corpo e esse corpo sempre está presente ao sujeito. O sujeito em si tem o poder da linguagem e comunicação com o próximo, capaz de nos conectar e nos relacionar afetivamente. Apesar da complexidade humana, temos um ponto fraco crucial, a vulnerabilidade. Somos seres afetivos, de sentimentos capazes de sentir dor. Mas, além disso, somos um ser intencional, capaz de relacionar toda realidade enquanto tal, incluindo sua própria realidade. Com isso somos capazes de pela a empatia ter o instinto do cuidado ao outro, pois a existência do outro é significativa assim como a minha. Com o sentido do reconhecimento do outro e com o poder da linguagem, pela conduta, ética, moralidade, uso da consciência fomos capazes de colocar em pratica a afetividade em questão da vulnerabilidade humana e agir em prol da proteção da pessoa humana, e desenvolver um campo de ciências biomédicas, como a ética do cuidar. A proteção à vulnerabilidade humana agindo pela ética entre seres morais, em uma sociedade pluralista, o respeito à vulnerabilidade se tornou essencial projetos de política pública. Von Zuben cita o filosofo Peter Kemp que distingue três tipos de vulnerabilidade humana. A vulnerabilidade biológica corporal que se refere a fragilidade da vida humana, pois o humano não se aperfeiçoo ao ponto de se tornar seres imortais, e temos como exemplo doenças devastadoras que fere essa fragilidade colocando a vida em risco necessitando a intervenção médica e experimentos no corpo humano. A vulnerabilidade social, que é a dificuldade humana de entendimento com o outro, a dificuldade de entendimento da autonomia de cada um sendo capaz por exemplo de ser preconceituoso, o que ocasiona uma preocupação do cuidar seletiva. E a vulnerabilidade cultural, que é a emancipação das tradições e valores instruídos socialmente para aquilo que o sujeito tem vontade e a sua vontade individual que ultrapassa a moral do próximo para construir sua própria moral, como a ideia do homossexualismo ser “errado” ou não. Tendo esses entendimentos, podemos relacionar a ética do cuidar ao filme “E a vida continua”. Em uma situação de vulnerabilidade humana em que surge uma doença que está matando pessoas, a biomedicina começa então a estudar a praticar experimentos no corpo humano para entender aquela fragilidade até então desconhecida. Várias equipes de médicos em busca de cura de algo que estava matando pessoas e várias tentativas de políticas públicas em busca de amenizar o contagio de mais pessoas. Isto está vinculado a ética do cuidar, em um momento de vulnerabilidade humana, a biomedicina busca o cuidado com o próximo. Porém, o “próximo” em questão, que estava sendo atacado pela nova doença eram homossexuais e então encontramos a vulnerabilidade cultural. Em uma epidemia em que homossexuais estavam morrendo, houve certo descaso social com aqueles que adotavam valores diferentes, comprovamos isso no filme em que em uma reunião entre as pessoas que estavam a frente das pesquisas, um dos personagens afirma “se a epidemia matasse avós ou virgens, teríamos um exército de pesquisadores lá fora.” No surgimento de uma doença que mata a sociedade, a ética do cuidar se faz necessária. O filme se passa em torno da AIDS, uma doença que acaba com o ser humano. Antes de tirar sua vida, o humilha. Ela tira seu poder de fala, tira seu poder de gesticular, tira sua sanidade, sua saúde, seu direito de se relacionar, de se conectar, ela faz doer e acaba com seu corpo físico e aparência. Em uma das últimas cenas do filme, Bill Kraus ativista gay que esteve na linha de frente contra a doença, agora tomado pela própria, debilitado e com dificuldade em funções cognitivas básicas, ainda foi capaz de praticar a ética do cuidar e diz mesmo com dificuldades “Eu tinha medo de morrer. Agora não. Agora tenho medo do que acontece com aqueles que estão vivos.”

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